quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CUSTEIO POR ABSORÇÃO X CUSTEIO VARIÁVEL

Resumo

Neste trabalho procurou-se demonstrar de forma clara a definição de custeio e dos métodos de Custeio por Absorção e Variável. As vantagens e desvantagens dos métodos abordados e suas diferenças.

Definição de Custeio

Segundo Eliseu Martins (2003, p. 23) custeio significa Apropriação de Custos. Dessa forma entende-se que custeio é a forma pela qual os custos são apropriados aos seus portadores finais.
Para Koliver (2000), esse é o terceiro grande caracterizador dos sistemas de custeio, referindo-se à separação dos custos fixos e variáveis, ou do reconhecimento necessário dos seus comportamentos diante de variação no grau de ocupação da entidade.

Custeio por Absorção

Esse método consiste na apropriação de todos os custos de produção (diretos, indiretos, fixos e variáveis) aos bens elaborados. Logo um custo é consumido quando for atribuído a um produto ou unidade de produção, assim os custos de produção (só os de produção) são distribuídos por uma forma de rateio a cada unidade ou produto até que seus valores sejam totalmente consumidos pelo Custo dos Produtos Vendidos (CPV) ou pelos Estoques Finais. Lembrando que esse método engloba os custos na parte de produção, os custos para a venda do produto são lançados como despesa do período.

Vantagens e Desvantagens do Custeio por Absorção

Entre as vantagens, Padoveze (2000, p. 50) considera que a mais óbvia vantagem do custeamento por absorção é que ele está de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) e as leis tributárias. Outra vantagem citada pelo autor é que ele pode ser menos custoso de implementar, pois ele não requer a separação dos custos de manufatura nos componentes fixos e variáveis.
Para Leone (1997, p. 341), as principais vantagens estão no fato de os resultados pelo custeio por absorção serem aceitos para a preparação de demonstrações contábeis de uso externo e para obtenção de soluções de longo prazo, onde, normalmente, as informações do custeio por absorção são recomendadas.
Como desvantagens, pode-se considerar o não fornecimento das vantagens que o custeio variável fornece para tomada de decisões gerenciais.

Custeio Variável

Ao contrário do Custeio por Absorção, no Custeio Variável somente é apropriado os custos variáveis excluindo os custos fixos assim por serem valores repetitivos e por terem uma qualidade de serem mais um encargo para que a empresa possa ter condições de produção do que sacrifício para produzir esta ou aquela unidade. Esse é um dos motivos para se excluir os custos fixos do método.

Vantagens e Desvantagens do Custeio Variável

Pode-se ser citado como vantagem:
O Custo dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos de distribuição dos custos comuns;
O Lucro Líquido não é afetado por mudanças de aumento ou diminuição de inventários;
Os dados necessários para análise das relações custo-volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de informação contábil;
É mais fácil para os gerentes industriais entenderem o custeamento dos produtos sob o custeio variável, pois os dados são próximos da fábrica e de sua responsabilidade, possibilitando a correta avaliação de desempenho setorial;
O Custeamento variável é totalmente integrado com o custo padrão e o orçamento flexível, possibilitando o correto controle de custos;
Constitui um conceito de custeamento de inventário que corresponde diretamente aos dispêndios necessários para manufaturar os produtos;
Possibilita mais clareza no planejamento do lucro e na tomada de decisão.
Como Desvantagem:
As informações do custeio variável são bem aplicadas em problemas cujas soluções são de curto alcance no tempo. Para obter soluções de longo prazo, normalmente as informações do custeio variável não são recomendadas;
O trabalho de análise das despesas e custos em fixos e varáveis é dispendioso e demorado. Sempre deverão ser feitos estudos de custos x benefícios;
Os resultados do custeio variável não são aceitos para a preparação de demonstrações contábeis de uso externo.

Diferenças entre o Custeio por Absorção e Custeio Variável

Destacam-se:


Conclusão

Ambos os métodos de Custeio apresentados possuem suas vantagens e desvantagens para fins gerenciais já que o método de Custeio Variável é importante principalmente para decisões de curto prazo já o método de Custeio por Absorção é importante para decisões de longo prazo.

Bibliografia

Martins, Eliseu. Contabilidade de Custos – 9 ed. – São Paulo: Atlas, 2003.
PADOVEZE, C. L. O Paradoxo da Utilização do Método de Custeio: Custeio Variável por Absorção. Revista CRC-SP, ano 4, n. 12, p. 42-58, jun. 2000.
KOLIVER, O. Os Custos dos Portadores Finais e os Sistemas de Custeio. [ S. I.: s.n.], 2000.
MOURA, Herval da Silva. O Custeio por Absorção e o Custeio Variável: Qual seria o melhor método a ser adotado pela empresa? Revista da Universidade Estadual de Feira de Santana SITIENTIBUS n. 32, p. 129-142, jan./jun. 2005.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

LANÇAMENTOS CONTÁBEIS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS (ESFL)

Se você é do setor contábil ou está tendo problemas nas atividades da matéria de Terceiro Setor na faculdade (ou você pode se encaixar nas duas situações mencionadas) essa matéria é para você. Vou explicar em uma forma clara como você pode fazer os lançamentos contábeis para essas entidades. Adiantando que não é complicado e também não é fácil. Necessita de um pouco mais de atenção. Então vamos lá para a prática.

Contabilização de doações

Lembrando que quando se diz doações são doações de qualquer tipo podendo ser financeiras, doações de imobilizados, doações de móveis, terrenos e até perdão de dívidas é considerado doação. As mesmas são classificadas em doação incondicional (quando o doador não impõe qualquer condição para que o valor seja utilizado, sendo assim, a entidade pode receber e usar da forma que bem entender) ou doação condicional (o doador informa para que ele está doando como por exemplo eu doo uma certa quantia e informo que é para pagar a conta de luz apenas com o valor). É de grande importância ter esses conceitos em mente na hora de contabilizar os lançamentos.

Doações para custeio

São doações de dinheiro por qualquer meio (cheque, dinheiro, depósito em conta corrente etc.).

1) Recebimento de doação incondicional de “Pessoa Física” em depósito em conta corrente, para custeio, no valor de R$ 3.500,00.
D. BANCO CONTA MOVIMENTO
C. DOAÇÕES PESSOA FISICA (conta de receita) ..........................................................................................................................R$ 3.500,00

Lembrando que aqui o doador não pôs nenhuma condição para utilização do valor doado. Como vocês já devem ter notado debita-se banco como qualquer entidade comercial, mas a crédito você lança em uma conta de resultado (receita). Mas, e se o doador impuseste uma condição para a doação e fosse recebido em dinheiro? Então o mais correto será abrir uma subconta do Caixa intitulada Recursos de Terceiros com Restrição e debitá-la.

Doações na forma de Ativos (estoques) e sua distribuição.

2) Recebimento de doação de cestas básicas por pessoa jurídica, no valor de R$ 10.000,00 referente a 250 cestas básicas em que foram distribuídas 150 unidades em janeiro.
2.1) Recebimento das cestas básicas.
D. MATERIAIS DOADOS A DISTRIBUIR (conta de estoque)
C. DOAÇÕES A REALIZAR – MATERIAIS A DISTRIBUIR (passivo) ............................................................................................... R$ 10.000,00
2.2) Distribuição dos materiais no mês de janeiro.
D. MATERIAIS DOADOS (despesa)
C. MATERIAIS DOADOS A DISTRIBUIR (conta de estoque) ........................................................................................................... R$ 6.000,00
2.3) Realização do material doado no mês de janeiro
D. DOAÇÕES A REALIZAR – MATERIAIS A DISTRIBUIR (passivo)
C. DOAÇÕES PF (conta de receita) .................................................................................................................................................R$ 6.000,00

Como a finalidade de uma Entidade sem Fins Lucrativos não é o lucro você vai ter que fazer muitos lançamentos tendo em mente que deve-se registrar uma despesa e depois uma receita. Como no exemplo acima que quando foi distribuído as cestas básicas foi contabilizado uma despesa dando baixa na conta de estoque e depois foi feito outro lançamento dando baixa na conta de passivo e creditando na conta de receita. É confuso no começo, mas depois você entende a lógica.

Doação na forma de ativos (máquinas e equipamentos).

3) Recebimento de doação de um equipamento, no valor de R$ 30.000,00. A estimativa de vida útil do equipamento é de 10 anos.
3.1) Recebimento do bem doado
D. MAQUINAS E EQUIPAMENTOS (ativo)
C. DOAÇÕES PATRIMONIAIS/ SUBVENÇÕES (patrimônio líquido social) ...................................................................................... R$ 30.000,00
3.2) Despesa com depreciação mensal, no valor de R$ 250,00
D. DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO (despesa)
C. DEPRECIAÇÃO ACUMULADA (ativo) .............................................................................................................................................. R$ 250,00

Nesse caso de doação de máquinas e equipamentos ou veículos você apenas se preocupa com o lançamento do recebimento do bem, veja que todo bem doado (máquinas e equipamentos, veículos, imobilizado e etc.) é incorporado ao Patrimônio Líquido Social (conta equivalente ao Patrimônio Líquido de uma empresa comercial) e com a sua depreciação. Já se for um bem doado usado você não precisa fazer o teste de recuperabilidade pois para uma Entidade sem Fins Lucrativos não é preciso fazer isso (a depreciação foi calculada encima da vida útil fiscal que é de cinco anos).

Contribuição Governamental destinada ao custeio

4) Recebimento de contribuição governamental destinada ao custeio. Entidade recebe R$ 40.000,00 de contribuição governamental para ser utilizado no custeio da atividade.
D. BANCO CONTA MOVIMENTO – RECURSOS COM RESTRIÇÃO (ativo)
C. CONTRIBUIÇÕES GOVERNAMENTAIS (receita) ......................................................................................................................... R$ 40.000,00

Não é comum uma Entidade sem Fins Lucrativos receber contribuição governamental em dinheiro. Mas ocorrendo você lança normalmente no caixa caso não tenha nenhuma condição de como utilizar o valor.

Contribuição Governamental destinada ao custeio com determinada condição.

5) Recebimento de R$ 30.000,00, de contribuição governamental para utilização do custeio da atividade, nos próximos 6 meses. A entidade utiliza R$ 9.000,00 no 1° mês para pagar despesas com custeio (aluguéis).
5.1) Reconhecimento da Receita Antecipada
D. BANCO CONTA MOVIMENTO – RECURSOS COM RESTRIÇÃO (ativo)
C. RECEBIMENTOS ANTECIPADOS – SUBVENÇÕES, AUXÍLIOS E CONTRIBUIÇÕES (passivo) ...................................................... R$ 30.000,00
5.2) Pela realização das despesas no 1° mês
D. DESPESAS ALUGUÉIS (DESPESA)
C. BANCO CONTA MOVIMENTO – RECURSOS COM RESTRIÇÃO (ATIVO) ........................................................................................ R$ 9.000,00
5.3) Pela realização da receita (1° mês)
D. RECEBIMENTOS ANTECIPADOS – SUBVENÇÕES, AUXÍLIOS E CONTRIBUIÇÕES (PASSIVO)
C. CONTRIBUIÇÕES GOVERNAMENTAIS (RECEITA) .......................................................................................................................... R$ 9.000,00

Caso a entidade não utilize do valor total até o prazo estimado deve ser devolvido o valor restante e a sua baixa é feita da seguinte forma:

D. RECEBIMENTOS ANTECIPADOS - SUBVENÇÕES, AUXÍLIOS E CONTRIBUIÇÕES (passivo)
C. BANCO CONTA MOVIMENTO – RECURSOS COM RESTRIÇÃO (ativo)

Contabilização de Serviços Voluntários

Antes de tudo sim, deve ser contabilizado serviço voluntário. Observando que deve ser contabilizado com o valor praticado em mercado. Se você não tiver conhecimento dos valores faça uma busca na internet e achará várias tabelas com valores praticados em mercado (procure sempre as mais atualizadas).

6) Construção de um abrigo que necessite de mão-de-obra para execução do prédio. Esse tipo de serviço voluntário é do tipo investimento, ou seja, é quando a entidade é beneficiada pelo serviço como por exemplo mão-de-obra para construção de um banheiro na entidade por exemplo (esse tipo de serviço voluntariado tem como característica está anexado a algum tipo de construção na entidade), diferente do recebimento de um serviço para a população como por exemplo uma dentista que se voluntaria para prestar serviços odontológicos para a população. Veja que esse segundo tipo de serviço voluntário beneficia a população e não a entidade. Essa é a diferença.


6.1) Contabilização da construção em andamento.
D. CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO (ativo)
C. Receita de doação (receita) .............................................................................................................................................................. R$ 7.932,00
6.2) Contabilização do serviço voluntário
D. CONSTRUÇÃO EM ANDAMENTO (ativo)
C. RECEITA DE TRABALHO VOLUNTARIO (receita) ............................................................................................................................. R$ 2.300,00

Veja que a contabilização desse tipo de serviço a conta de ativo (construção em andamento se assemelha muito a uma conta de custos onde todo o custo para se produzir ou construir é acumulado nessa conta).

Trabalho Voluntário como Custeio

7) Essa forma de serviço voluntário é do segundo tipo como já foi citado acima. Veja que o lançamento é simples. É feito o registro a débito em uma conta de despesa e a crédito em uma conta de receita.


7.1) Lançamentos.
D. DESPESAS COM SERVIÇOS MEDICOS (despesa)
C. RECEITA DE TRABALHO VOLUNTARIO (receita) ........................................................................................................................ R$ 3.000,00
D. DESPESAS COM SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS (despesa)
C. RECEITA DE TRABALHO VOLUNTARIO (receita) ........................................................................................................................ R$ 1.000,00
D. DESPESAS COM SERVIÇOS CONTABEIS (receita)
C. RECEITA DE TRABALHO VOLUNTARIO (despesa) ..................................................................................................................... R$ 10.000,00

Gratuidade e Benefícios Fiscais

Gratuidade é o desembolso financeiro da entidade, resultante da prestação de serviços gratuitos a pessoa carente, desde que atenda os objetivos previstos na Lei n° 12.101/09.
Temos dois tipos de gratuidade. Os de um bem tangível que é recomendado que seu custo deve ser registrado em conta de estoque e os de um bem intangível. A seguir os lançamentos para ambos os casos.

De um bem tangível:
D. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS DE GRATUIDADE (despesa)
C. ESTOQUE (conta de ativo circulante)

De um bem intangível:
D. CONTAS A RECEBER (ativo circulante)
C. RECEITAS DE SERVIÇO PRESTADO (conta de receita)
D. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS DE GRATUIDADE (despesa)
C. CONTAS A RECEBER (ativo circulante)

Obs.: No caso dos bens intangíveis é contabilizado primeiro uma provisão para depois ser feito o lançamento.

Isenção e imunidade tributária

D. DESPESA COM ISS (poderia ser qualquer tributo, usei ISS apenas como exemplo)
C. ISS – EXIGIBILIDADE SUSPENSA (passivo circulante)
D. ISS – EXIGIBILIDADE SUSPENSA (passivo circulante)
C. ISENÇÃO E IMUNIDADE TRIBUTARIAS – ISS (RECEITA)


Contabilização de Projetos

Vamos aos lançamentos:

8) Entidade realiza convênio com a prefeitura, no valor de R$ 100.000,00, para o desenvolvimento do projeto “Inclusão Digital”. O projeto possui os seguintes gastos:
• Gastos com pessoal: R$ 50.000,00
• Gastos com aluguéis: R$ 8.000,00
• Gastos com transportes: R$ 10.000,00
• Gastos com materiais: R$ 20.000,00
• Gastos com alimentação: R$ 12.000,00
O projeto será desenvolvido no mês de maio de 2015, com previsão de atendimento de 200 pessoas.

8.1) Pelo recebimento dos recursos pela prefeitura.
D. BANCOS RECURSOS DE TERCEIROS: PROJETO INCLUSÃO DIGITAL (passivo circulante).
C. RECURSOS DE PROJETO (passivo) ................................................................................................................................ R$ 100.000,00
8.2) Pela realização do projeto no mês de maio.
D. DESPESAS COM PESSOAL .............................................................................................................................................. R$ 50.000,00
D. DESPESAS COM TRANSPORTES ..................................................................................................................................... R$ 8.000,00
D. DESPESAS COM MATERIAIS ............................................................................................................................................. R$ 10.000,00
D. DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO ....................................................................................................................................... R$ 12.000,00
C. BANCOS RECURSOS DE TERCEIROS: PROJETO INCLUSÃO DIGITAL ........................................................................... R$ 100.000,00
8.3) Encerramento do projeto, no mês de maio de 2016:
D. (-) RECURSOS APLICADOS DE PROJETO: INCLUSÃO DIGITAL (conta retificadora do passivo)
C. RECEITA VINCULADA COM PROJETOS: INCLUSÃO DIGITAL ........................................................................................... R$ 100.000,00

Para terminar vou deixar um endereço para download de um material que possui a contabilização das principais movimentações e um elenco de plano de contas. Espero ter ajudado. Deixem seus comentários para dúvidas, sugestões e etc.

Endereço para download do arquivo: https://www.4shared.com/office/ihXr9Ekmba/Manual_procedimentos_contabeis.html

quinta-feira, 28 de abril de 2016

COMO ENTENDER O QUE É DÉBITO E CRÉDITO PARA A CONTABILIDADE

Estamos acostumados em nosso cotidiano com as situações de quando recarregamos nosso celular ou fazemos operações de saque e depósito em bancos. O fato é que o que entendemos como débito e crédito é o oposto da forma empregada contabilmente dificultando o entendimento do ingressante do curso de Ciências Contábeis e até de uma explicação a um leigo que não entende bulhufas de termos contábeis. Então pensando nessa dificuldade inicial decidi dissertar sobre o assunto.
Já ouvimos muitas vezes a expressão "Estou em débito com você" nos causando um entendimento de dívida com outrem, que estamos devendo algo ou um favor. Mas não é bem assim, na terminologia contábil débito refere-se a entrada de dinheiro (ou recursos) para uma empresa (ou para você) e crédito refere-se a saídas de recursos (referente a pagamento de uma dívida com outra pessoa por exemplo). Na linguagem comum débito significa dívida, situação negativa, estar em débito com alguém ou está devendo a alguém etc. Já crédito significa ter crédito com alguém, em uma loja etc., situação positiva, poder comprar a prazo etc., mas é o contrário.
A princípio débito é entrada de recursos quando crédito é saída. Para a contabilidade uma não pode existir sem a outra vindo de encontro com a teoria de que "para um débito existe um crédito de igual valor" isso é chamado de partidas dobradas.
Vamos complicar um pouco as coisas. Didaticamente (pois na prática os registros não são feitos com esse método, esse método é apenas uma forma de você entender os lançamentos, ou seja, de onde saiu tal valor e para onde foi) uma conta contábil é representada por um razonete (uma figura em formato de "T" onde você registra entradas e saídas das contas. Em contas patrimoniais o lado esquerdo da conta é onde você debita seu saldo, ou seja, onde você registra a entrada de recursos e no lado direito é onde você credita o saldo da conta. Existem três tipos de contas patrimoniais, as de ativo, as de passivo e as de patrimônio líquido. Costumamos dizer que as contas patrimoniais de ativo possuem natureza devedora (isso quer dizer que por natureza elas recebem saldos de entrada, ou seja, entrada de recursos, se o contrário ocorrer deve-se ser registrado a saída no lado direito da conta que corresponde ao seu crédito) e possuem saldo devedor (é até estranho chamar uma conta que representa entrada de recursos como devedora). Já as contas patrimoniais de passivo possuem natureza credora (que vem de crédito, no caso são saldos que devem ser quitados, as mesmas recebem seu saldo no lado direito do razonete, caso o contrário ocorra o registro é feito no lado esquerdo da conta dando baixa em seu valor, ou seja, mostrando que foi paga parte ou total da dívida). As de patrimônio líquido (PL) tem natureza credora e circula no lado do passivo. A função dessa conta é registrar o investimento inicial na entidade (empresa) e suas possíveis alterações como receitas, prejuízos e mais entradas de recursos por parte dos sócios e acionistas. Abaixo segue imagem explicando tudo o que dissertei.


Agora você me pergunta como faço lançamentos nessas contas? Vou fazer um exemplo prático. Eu particularmente acho mais simples o entendimento se você tiver em mente que crédito representa origem de recursos quando débito é aplicação do mesmo. Exemplo, você adquiriu uma máquina a prazo com pagamento mensal em 12 meses, a máquina foi adquirida a prazo isso significa que no seu passivo vai haver uma conta contábil para registrar a dívida. Aqui está a origem do recurso como não houve desembolso (saída de dinheiro) a dívida foi registrada a crédito em uma conta de passivo. E onde está sua aplicação? Está no ativo registrada em uma conta a débito da mesma registrando que agora você possui um bem. Mas e se fosse comprado à vista? Como é que fica o lançamento? Onde está sua origem? Está na sua conta caixa pois saiu dinheiro de lá. A mesma é uma conta de ativo mas atente-se que ela não foi debitada e sim creditada daí a origem do recurso. E a sua aplicação continua em uma conta de ativo. O que você tem que ter em mente na hora de fazer um lançamento é qual foi a origem (de onde saiu) e qual é a aplicação (para onde vai). Veja como fazer os seguintes lançamentos:

1) Integralização de R$ 10.000,00 por parte dos sócios para constituição e continuidade da empresa, R$5.000,00 em uma conta do Banco do Brasil e os outros R$ 5.000,00 em dinheiro;
2) Compras de máquinas e equipamentos para o funcionamento da empresa à vista no valor de R$ 3.000,00;
3) Compra junto a fornecedores de mercadorias para revenda no valor de R$ 1.500,00, R$ 500,00 pago à vista e R$ 1.000,00 a prazo;
4) Venda de mercadorias à vista no valor de R$ 200,00;
5) Venda de mercadorias a prazo no valor de R$ 300,00;
6) recebimento de parte das vendas realizadas a prazo no valor de R$ 50,00.

Vamos ao primeiro lançamento:
1) Integralização de R$ 10.000,00 por parte dos sócios para constituição e continuidade da empresa, R$5.000,00 em uma conta do Banco do Brasil e os outros R$ 5.000,00 em dinheiro:
D. CAIXA (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ............................................................................................................. R$ 5.000,00
D. BANCO CONTA MOVIMENTO BANCO DO BRASIL (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ........................................ R$ 5.000,00
C. PATRIMÔNIO LÍQUIDO (P.L.) ................................................................................................................................. R$ 10.000,00

Obs.: Veja que fizemos três lançamentos diferentes. Precisávamos registrar os fatos contábeis de entrada de dinheiro no caixa da empresa e registrar também a entrada de dinheiro no banco, por último registramos o patrimônio líquido da empresa. Veja que o total de débitos (representado pelo "D" e créditos representado pelo "C") é igual ao de créditos (5.000,00 + 5.000,00 = 10.000,00). Todo lançamento contábil tem que ser dessa forma, o valor que você debita tem que ser igual ao que você credita, caso contrário está errado o lançamento.

2) Compras de máquinas e equipamentos para o funcionamento da empresa à vista no valor de R$ 3.000,00:
D. IMOBILIZADO (CONTA DO ATIVO NÃO CIRCULANTE)
C. CAIXA (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) .............................. R$ 3.000,00

Obs.: Lembra de quando eu falei de origem e aplicação? Veja o lançamento, sua origem (saída de recursos) é o caixa quando sua aplicação (entrada de recursos) é o imobilizado (aquisição de máquinas e equipamentos, pois você possui um bem agora).

3) Compra junto a fornecedores de mercadorias para revenda no valor de R$ 1.500,00, R$ 500,00 pago à vista e R$ 1.000,00 a prazo:
D. ESTOQUES (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ........................ R$ 1.500,00
C. CAIXA (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ................................... R$ 500,00
C. FORNECEDORES (CONTA DO PASSIVO CIRCULANTE) ......... R$ 1.000,00

4) Venda de mercadorias à vista no valor de R$ 200,00:
D. CAIXA (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE)
C. ESTOQUES (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ........................ R$ 200,00

5) Venda de mercadorias a prazo no valor de R$ 300,00;
D. CLIENTES (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE)
C. ESTOQUES (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ....................... R$ 300,00

6) recebimento de parte das vendas realizadas a prazo no valor de R$ 50,00:
D. CAIXA (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE)
C. CLIENTES (CONTA DO ATIVO CIRCULANTE) ........................ R$ 50,00

Esse texto foi elaborado com o propósito do entendimento por parte do leitor sobre débito e crédito. Lembrando que se trata da parte mais básica de contas contábeis pois existem ainda contas que não são patrimoniais (as chamadas contas de resultado). Espero ter ajudado a todos. Se alguém tiver dúvidas, críticas ou sugestões deixe seus comentários para que eu possa criar textos melhores e com fácil entendimento. Desde já agradecido!